Como a tecnologia pode ajudar a combater o desmatamento na Amazônia
Como a tecnologia pode ajudar a combater o desmatamento na Amazônia
A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, enfrenta problemas graves relacionados ao desmatamento. Dados mostram que, entre agosto de 2022 e julho de 2023, aproximadamente 9.064 km² de floresta foram desmatados, uma área comparável ao tamanho da República de Chipre.
Embora esse número represente uma redução de 21,8% em relação ao período anterior, ainda é uma perda substancial para um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta. No entanto, proteger uma área tão vasta, maior que diversos países, apresenta desafios logísticos e operacionais consideráveis.
Nesse contexto, a integração de tecnologias avançadas, como sensoriamento remoto e inteligência artificial, podem ser soluções para ajudar no controle do desflorestamento.
Descubra como essas soluções inovadoras podem ser aliadas para a preservação da floresta amazônica!
O desafio de monitorar o desmatamento na Amazônia
Monitorar a Amazônia é um desafio de proporções colossais. Com cerca de 5,5 milhões de km², a maior floresta tropical do mundo atravessa nove países e representa mais de 49% do território brasileiro.
Para dimensionar essa tarefa, é como fiscalizar uma área cerca de quatro vezes maior que toda a Europa Ocidental, repleta de rios sinuosos, vegetação densa e regiões inacessíveis por terra. Essas características, que fazem da Amazônia um dos biomas mais ricos do planeta, também tornam seu monitoramento extremamente complexo.
Os desafios não se limitam à geografia. Frequentemente, a Amazônia é alvo de atividades ilegais, como o desmatamento para expansão de pastagens, mineração clandestina e extração de madeira. A dificuldade em identificar e localizar essas ações é agravada pela escassez de infraestrutura na região. Em muitas áreas, a comunicação é feita exclusivamente por rádio, o que dificulta a fiscalização e a coordenação de ações de combate.
Além disso, há um componente logístico importante. É comum que os agentes que atuam no monitoramento enfrentem barreiras como falta de acesso a tecnologias avançadas e de recursos humanos, resultando em lacunas no controle ambiental.
Superar esses obstáculos não é uma tarefa simples. Porém, a integração de soluções tecnológicas avançadas, como sensoriamento remoto e inteligência artificial, com estratégias de gestão eficazes, é uma das principais estratégias para proteger a floresta amazônica.
Como a tecnologia pode apoiar o combate ao desmatamento
A tecnologia é uma aliada indispensável na proteção da Amazônia, principalmente por oferecer ferramentas que tornam o monitoramento mais preciso, considerando as dificuldades que citamos.
Nesse sentido, diferentes inovações têm sido utilizadas para proteger a Amazônia, cada uma com sua contribuição única:
1. Sensoriamento remoto
Satélites modernos equipados com sensores de alta resolução conseguem capturar imagens detalhadas da floresta, monitorando grandes áreas de forma contínua e independente de acesso terrestre. Essas imagens podem detectar variações na cobertura vegetal, como clareiras indicativas de desmatamento seletivo ou a expansão de áreas de pastagem, em tempo quase real.
2. Inteligência artificial
Complementando o primeiro ponto, a IA analisa os dados e imagens capturados por satélites de maneira eficiente, processando volumes massivos de informações em curto prazo. Assim, algoritmos de aprendizado de máquina conseguem identificar padrões de desmatamento e classificar atividades ilegais, como garimpo, queimadas e extração seletiva de madeira, com alta precisão.
O papel do New Space na democratização do monitoramento
Com uma abordagem mais acessível e orientada à inovação, o New Space, movimento que promove a participação de empresas privadas no setor espacial, tem mudado o acesso e o uso de tecnologias espaciais.
Uma das principais contribuições do New Space é a redução de custos operacionais. Empresas privadas têm desenvolvido satélites menores e mais baratos, mantendo a eficiência, tornando viável a utilização de imagens de alta resolução por organizações ambientais e governos. Assim, a tecnologia pode ser usada para monitorar áreas florestais cada vez maiores e de forma contínua e abrangente.
A combinação de imagens de satélite com IA ajuda a identificar padrões de desmatamento e distinguir entre diferentes tipos de atividades, como abertura de pastos ou mineração. Isso melhora a eficiência do monitoramento e permite uma resposta mais direcionada e eficaz.
Outra grande vantagem do New Space é o aumento da frequência de atualização das informações. Com satélites operando em constelação, uma cobertura mais ampla e frequente de imagens quase em tempo real é fornecida, identificando atividades ilegais como o desmatamento e o garimpo rapidamente. Isso é crucial para a detecção precoce do desmatamento e para a implementação de medidas de conservação antes que o dano se torne irreversível.
Além disso, o setor promove a inovação constante com o uso de tecnologias avançadas, como sensores mais precisos e sistemas de comunicação que conectam áreas remotas, tornando-se uma área estratégica na geração de soluções disruptivas.
Estudo de caso: SIVAM
O Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) foi um marco no monitoramento ambiental e na proteção da floresta amazônica, entrando em operação em 2002. O projeto utilizou tecnologias avançadas para identificar atividades ilegais, como desmatamento e garimpo, combinando dados textuais e digitais em tempo real.
Nossa participação foi fundamental no desenvolvimento do sistema, contribuindo com dois módulos críticos.
Um deles garantia a disponibilidade da infraestrutura tecnológica essencial ao funcionamento do SIVAM, enquanto o outro, denominado COMEX (Communication and Non-communication Exploitation), rastreava e mapeava emissões ilegais de rádio. Essa funcionalidade permitia identificar frequências não autorizadas e direcionar rapidamente as forças de fiscalização para os locais suspeitos.
Antes do SIVAM, cerca de 30% da Amazônia permanecia sem mapeamento. Após sua implementação, o sistema possibilitou monitoramento contínuo e integrado, aumentando a eficácia na identificação de invasões e fortalecendo a atuação das forças de fiscalização.
Além disso, o projeto deixou um legado significativo, não apenas para a proteção ambiental, mas também para o desenvolvimento de sistemas tecnológicos críticos no Brasil, área em que acumulamos experiência a partir desse marco.
Conclusão
Concluindo, a integração da tecnologia no combate ao desmatamento é uma necessidade para proteger a nossa Amazônia, uma das maiores riquezas naturais do planeta. Ferramentas como sensoriamento remoto e inteligência artificial e iniciativas como o New Space têm grande potencial para monitorar grandes áreas, identificar atividades ilegais e apoiar ações de preservação.
No entanto, o sucesso dessas iniciativas depende de esforços conjuntos, combinando inovação tecnológica, políticas públicas e engajamento global para garantir que a floresta seja protegida para as futuras gerações.
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